segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Colocando Minas nos lugares mais altos

Os desafios mais absurdos seguem sendo superados pela ultramaratonista mineira Fernanda Maciel, de 37 anos, nascida em Belo Horizonte. O fato de ter saído de uma região em que as montanhas são uma das maiores referências parece ter feito com que ela as tivesse presentes em sua rotina de treinos e conquistas. Os feitos de Fernanda têm relação direta com as montanhas pelo mundo afora, que são exploradas pela atleta com uma capacidade ímpar.
No último dia 25, ela ratificou sua condição para explorar como poucos uma das cadeias mais altas do mundo. Foram dois recordes mundiais de uma só vez ao subir e descer o monte Kilimanjaro, a montanha mais alta da África, que fica a 5.895 m de altura, em um tempo que superou as marcas anteriores.
“Minha paixão por correr entre montanhas vem de Minas, sou muito grata por ser mineira. Minha base toda foi perto de casa, primeiro correndo nas ruas de BH e depois explorando lugares como as serras do Espinhaço e do Cipó. Chegar a pé na casa da minha mãe, onde eu morava, era muito difícil. Precisava percorrer várias ruas íngremes ao voltar da escola e isso me ajudou a criar gosto pela coisa. Eu voltava correndo e esses foram meus treinos desde criança”, diverte-se Fernanda.
Em sua última aventura, ela saiu da porta do Parque Nacional, a Umbwe Gate, a 1.670 m de altitude, até o ponto mais alto, em 7 horas e 8 minutos. Na volta, ela chegou ao ponto de origem em 10 horas e 6 minutos. As marcas anteriores eram da corredora alemã Anne Marie Flammersfeld, que tinha feito a subida em 8 horas e 32 minutos e o percurso total em 12 horas e 58 minutos, em 2015.
“Eu tinha o objetivo de bater os dois recordes, mas precisava ver como meu corpo ia responder, principalmente na subida, com pouco oxigênio. Se eu tivesse algum mal, eu seria obrigada a parar e interromper o trajeto”, pontua a atleta.
O feito no Kilimanjaro entrou para o currículo de Fernanda, que segue acumulando feitos e sonhando com tantos outros. Em 2016, ela se tornou a primeira mulher do mundo a subir e descer o monte Aconcágua, a 6.952 m de altura, em menos de 24 horas. A mineira completou o trajeto em 22 horas e 52 minutos.
No primeiro semestre de 2017, ela conquistou o terceiro lugar no Marathon des Sables, uma ultramaratona no deserto do Saara.
37 anos: a idade da ultramaratonista mineira Fernanda Maciel
5.895 metros: altura do monte Kilimanjaro, sua última expedição
10 h e seis minutos: tempo que ela gastou para subir e descer a montanha africana
Em casa
Alô, Brasil! Acostumada a percorrer o mundo viajando e explorando cadeias de montanhas, a mineira Fernanda Maciel viverá, em breve, a emoção de competir no Brasil. Um de seus próximos projetos será no Rio de Janeiro. Fernanda, no entanto, faz mistério e não dá detalhes sobre a ação. 

 

Pedras do tamanho de fogões foram obstáculos

Na subida ao Kilimanjaro, Fernanda Maciel se deparou com um obstáculo não muito comum em suas travessias. Pedras gigantes rolaram montanha abaixo, a fazendo se virar como podia para evitar uma tragédia. “Corri como uma cobra, me arrastando no chão, e me escondi atrás de uma pedra. Foi quando cortei meu joelho”, lembra a atleta.
Sobre esses obstáculos, Fernanda já temia encontrá-los pelo caminho antes mesmo de começar a subida. “Quando estava dormindo no acampamento-base, dava para escutar várias avalanches. Dois dias antes de subir, quando estava treinando ainda, passei por uma delas”, comenta.
Uma nova estratégia precisou ser adotada pela mineira para aumentar as chances de sucesso. “Antecipei minha subida em uma hora. Decidi cruzar o vale mais cedo para correr menos risco. Conversar com as pessoas da região para saber as condições do lugar é importante, assim como ficar atenta aos sons de desprendimento. Assim, você consegue tomar uma ação rápida”, completa.

O “ataque” ao cume fez com que Fernanda se poupasse para cumprir o objetivo sem imprevistos. “Na minha subida, tive de reservar bastante energia para essa parte acima dos 5.200 metros. Precisava ter a capacidade de ir mais rápido no meio desse vale, que é a parte mais perigosa. Isso é um desafio enorme, porque nessa altitude já começo a ter menos oxigênio para respirar e para me dar forças de ir em frente”, lembra a ultramaratonista.
O Tempo

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