sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Pular o café da manhã dobra chances de arteriosclerose

O TEMPO

PESQUISA


Quem consome menos de 5% das calorias diárias no desjejum tem mais gordura nas artérias
PUBLICADO EM 13/10/17 - 03h00
Miami, Estados Unidos. Pular o café da manhã ou se alimentar mal ao começar o dia dobra o risco de desenvolver uma arteriosclerose – um aumento da espessura da parede das artérias que pode ser fatal –, alerta um estudo publicado na revista médica “Journal of the American College of Cardiology”. No estudo, os cientistas descobriram sinais de lesões causadas nas artérias antes do aparecimento de sintomas ou do desenvolvimento da doença.
Segundo os cientistas, essa descoberta pode proporcionar uma ferramenta importante na luta contra as doenças cardiovasculares, que são responsáveis pela maioria das mortes no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,7 milhões de pessoas morreram devido a essas patologias em 2015.
“As pessoas que pulam o café da manhã regularmente têm um estilo de vida pouco saudável em geral”, disse Valentin Fuster, diretor do hospital norte-americano Mount Sinai Heart e redator-chefe da publicação. “Esse estudo prova que se trata de um mau hábito que as pessoas podem mudar proativamente para reduzir seu risco de doença cardiovascular”, indicou.

Metodologia. Os cientistas estudaram durante seis anos 4.000 trabalhadores de meia-idade residentes na Espanha. Deles, 25% tomavam um café da manhã rico e ingeriam ao menos 20% das calorias diárias nessa refeição.
A grande maioria (70%), porém, consumia apenas entre 5% e 20% das calorias diárias no desjejum, enquanto 3% não comiam praticamente nada ao acordar. Esse último grupo “tende a ter hábitos alimentares menos saudáveis e uma maior prevalência de fatores de risco cardiovascular”, segundo a pesquisa.
Essas pessoas também têm um maior “diâmetro corporal na altura da cintura, maior índice de massa corporal, pressão arterial mais alta, mais lipídios no sangue e níveis mais altos de glicose em jejum”, afirmou.
Usando ultrassom para identificar eventuais acúmulos de gordura nas artérias ou sinais precursores de doenças, os pesquisadores perceberam que as pessoas que consomem menos de 5% das calorias diárias recomendadas no desjejum têm em média duas vezes mais gordura nas artérias do que as que tomam um café da manhã de alto teor calórico. Esse risco, de acordo com os pesquisadores, aparece independentemente de outros fatores, como tabaco, nível de colesterol e sedentarismo.
Estudos anteriores já tinham associado um café da manhã saudável a um bom estado de saúde, peso mais baixo, regime equilibrado e menor risco de colesterol e pressão arterial altos e de diabetes. Pular o café da manhã também já foi associado a um aumento da probabilidade de desenvolver uma doença coronária.
“Apesar de que os que pulam o café da manhã estão tentando, em geral, perder peso, com frequência acabam comendo mais e alimentos menos saudáveis no fim do dia. Pular o café da manhã pode provocar desequilíbrios hormonais e alterar os ritmos circadianos”, explicou Prakash Deedwania, professor de medicina da Universidade da Califórnia, em um editorial que acompanha a publicação.
Coração
Mortes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,5 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de doenças cardiovasculares em todo o mundo. 

 

Risco cresce depois dos 50 anos

A arteriosclereose é perigosa por causa de sua capacidade de atingir a pessoa da cabeça aos pés. “Qualquer artéria do corpo pode ser entupida e impedir a passagem do sangue para os órgãos e as demais regiões”, explica a cardiologista Marildes de Castro, professora da Faculdade Ipemed.
Os maiores grupos de risco, alerta a médica, são as mulheres depois da menopausa e os homens acima dos 50 anos. “Isso acontece porque o corpo envelhece e, com ele, tudo o que o forma. As artérias já não são mais as mesmas nem funcionam tão bem”.
No entanto, pessoas mais novas podem ser acometidas pela doença. Principalmente aquelas que têm uma alimentação rica em calorias. Nesse caso, Marildes alerta que a melhor saída sempre será a prevenção. “Mudar os hábitos alimentares e de vida traz boas chances disso (a doença) não acontecer”, afirma.
O tratamento, dependendo do local, também pode ser feito com a dilatação artificial da artéria comprometida.
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